A análise de uma explosão de raios gama – fenômeno do
tipo mais mais energético que se conhece no Universo – confirmou indício de que
esse evento pode ser provocado pela colisão de dois núcleos de estrelas mortas.
A descoberta, feita a partir de imagens do Telescópio
Espacial Hubble, dá apoio a uma teoria sobre com surgem os elementos naturais
mais pesados da tabela periódica.
Os astrônomos dizem ter observado no mês passado a fusão
de duas estrelas de nêutrons -essencialmente, astros que pararam de brilhar
após esgotarem seu combustível de fusão nuclear.
Estrelas como o Sol, quando explodem em eventos chamados
supernovas, produzem apenas elementos com peso até a região do ferro (com
número atômico 26).
Cientistas ainda debatiam como elementos tais quais o ouro
(número atômico 47) surgiriam no Universo.
Ao analisar a explosão de raios gama catalogada com a
sigla GRB 130603B, Edo Berger e dois de seus colegas do Centro
Harvard-Smithsonian de Atrofísica, de Boston, viram algo atípico.
Nos momentos que se seguiram à explosão, ocorrida 3,9
bilhões de anos-luz de distância da Terra, a região onde o evento ocorreu
passou a emitir um tipo de luz infravermelha associada ao decaimento de átomos
radiativos. O espectro daquela luminosidade era o de núcleos dos elementos
pesados emitindo nêutrons e revelando sua presença.
“Estimamos que a quantidade ouro produzida e espalhada
pelo encontro das estrelas seja dez vezes maior que a massa da Lua”, disse
Berger em comunicado à imprensa.
A descoberta foi feita graças à precisão do Hubble, que
foi apontado para a região da explosão nove dias após o evento. A emissão de
raios gama, em si, durou apenas 0,2 segundo, e não pode ser detectada por
telescópios ópticos –havia sido captada por satélites de pesquisa.
Com a observação do Hubble, porém, ficou claro para os
cientistas que devia se tratar de um evento como a colisão de estrelas de
nêutrons, pois o padrão de emissão de luz visível e infravermelha estava de
acordo com simulações feitas em computador.
O estudo de Berger e seus colegas foi submetido à revista
“The Astrophysical Journal Letters”, onde ainda será revisado por cientistas
independentes. O trabalho foi tornado público após ter sido depositado no
acervo online arXiv (http://arxiv.org ).
(Fonte: Folha.com)
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