Um estudo feito pelo Instituto Emater mostra que 46% das
aplicações de defensivos agrícolas utilizados no campo são desperdiçadas por
erros cometidos pelo próprio agricultor. Esse índice aponta que o produto
utilizado pode ser mais eficiente se aplicado corretamente.
A aplicação incorreta resulta em prejuízos aos agricultores,
além de fazer com que o tratamento não seja eficiente. O problema resulta em
novas aplicações de defensivos agrícolas. Segundo a pesquisa, em muitos casos,
o produto que deveria proteger as lavouras, acaba nos terrenos dos vizinhos, ou
ainda mais grave, poluindo nascentes de água.
Para o professor e doutor da Universidade Estadual do Norte
do Paraná (UENP), Marco Antônio Gandolfo, essas situações, de atingir lavouras
vizinhas e outras ambientes, são raras, pois os produtos químicos degradam
facilmente, mas servem de alerta para o agricultor buscar melhorar o método de
aplicação.
"Se o produto foi para um ambiente diferente, que não a
lavoura, mostra que o defensivo não ficou aonde deveria ficar, e o tratamento
foi ineficiente. Há uma questão ambiental muito séria por trás dos agrotóxicos,
mas o produto pode não contaminar, uma vez que ele degrada antes de chegar em
um rio. Além disso, dependendo do produto, o defensivo pode ser recomendado
para áreas próximas de água, pois a contaminação é muito pequena", explica
o professor.
Cada cultura tem uma média de aplicações de defensivos
agrícolas. A lavoura de soja recebe oito aplicações; o milho, cinco; o algodão,
18; a cana-de-açúcar, três; e a uva aproximadamente 60 aplicações.
Para evitar o desperdício, pesquisadores de universidades se
juntaram a empresas privadas do ramo para treinar produtores rurais e agrônomos
sobre a necessidade de uma aplicação correta de defensivos, seja eles
fungicidas, herbicidas ou inseticidas.
O grupo defende o uso adequado de tecnologias de aplicação
para evitar a deriva, ou o desperdício, e assim garantir a eficácia do produto
e a segurança ambiental.
“Muitas vezes, a maior reclamação do agricultor é a falha no
controle de pragas e doenças, mas aí se verifica que o equipamento utilizado
foi mal regulado, o bico utilizado não foi o recomendado, foram utilizadas
doses inadequadas, além da mistura de produtos de forma errada”, explica o
professor e doutor da Universidade Estadual do Norte do Paraná, Robinson Osipe.
No treinamento, ministrado por Osipe, os alunos aprendem sobre o manejo correto
de defensivos, desde a utilização de equipamentos de segurança até a mistura de
produtos, regulagem correta do pulverizador e ainda avaliação das condições
climáticas, aprendendo o melhor horário para fazer a pulverização.
Em outra frente, o instituto Emater também capacita os
produtores por meio do projeto “Mais”, que faz parte do programa Acerte o Alvo,
que é apoiado pela iniciativa privada.
O coordenador regional da Emater, Gervásio Vieira, diz que os agrônomos têm
grande responsabilidade na conscientização dos produtores sobre essa questão.
Os profissionais precisam estar no campo orientando cada vez mais os
agricultores para a aplicação correta.
“Esse olhar profissional ainda é insuficiente. O produtor precisa procurar a
assistência técnica e se capacitar. O agricultor muitas vezes acha que está
fazendo o certo, mas está errando. E o erro só é descoberto quando briga
com o vizinho ou recebe uma multa por ter poluído uma mina de água”, detalha o
coordenador do Emater.
Fonte: G1 PR